Empresa que coleta lixo de Noronha deve entrar em recuperação judicial

Notícias
Por Redação
26 de setembro de 2025 às 12h30min
Foto: Divulgação

O Arquipélago de Fernando de Noronha lidera o ranking de destinos turísticos mais desejados pelos brasileiros, segundo pesquisa nacional do Ministério do Turismo nesta semana. Mas está enfrentando um problema com a coleta e o tratamento de lixo, que já é de conhecimento do governo do estado.

Nesta quinta (25), a administração da Ilha notificou a empresa Ambipar, responsável pela coleta e destinação do lixo do arquipélago. A notificação foi pelas montanhas de lixo acumuladas e pela precariedade da usina de reciclagem. O detalhe é que a contratação da empresa se deu em meio a muitas denúncias de irregularidades, incluindo a não apresentação de capacidade técnica para atender ao contrato. O TCE investigou o caso, mas preferiu manter o contrato para evitar mais prejuízos à população, diante da natureza do serviço prestado.

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Em abril de 2025, o governo estadual contratou a empresa Ambipar para assumir os serviços de limpeza urbana e gestão de resíduos sólidos em Fernando de Noronha, por meio de uma licitação de R$ 64,7 milhões, com duração de cinco anos. A escolha da empresa gerou controvérsia desde o início.

A Universo Empreendimentos, que atuava há 20 anos na ilha, contestou o resultado e apresentou denúncia ao Tribunal de Contas do Estado de Pernambuco (TCE-PE), apontando diversas irregularidades na escolha da Ambipar. A principal delas: ausência de atestados de capacidade técnica para realizar o serviço.

Segundo a denúncia, a empresa vencedora do certame entregou documentos fora do prazo, não apresentou algumas licenças exigidas no edital, não comprovou viabilidade técnica da proposta, incluiu documento fora do sistema oficial. Apesar das denúncias, o TCE manteve o contrato com a Ambipar, alegando que suspender o serviço traria prejuízos à população.

A situação se agravou ainda mais nesta semana. A Ambipar deu o primeiro passo para ingressar em processo de recuperação judicial. Obteve uma liminar que suspende temporariamente o pagamento de suas dívidas. A empresa enfrenta um passivo superior a R$ 10 bilhões, com destaque para uma cobrança de US$ 550 milhões feita pelo Deutsche Bank.

A crise financeira da empresa, que já provocou a saída de executivos e queda de mais de 50% nas ações na bolsa, levanta sérias dúvidas sobre sua capacidade de manter os serviços essenciais em Fernando de Noronha.

Moradores já relatam que a coleta de lixo está irregular, com acúmulo de resíduos em áreas residenciais e comerciais. Comerciantes temem prejuízos com cancelamentos de reservas e queda na reputação do destino. Turistas, por sua vez, se deparam com um cenário que contrasta com as promessas de um paraíso ecológico.

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